VORTEQ - Vestibular Ocular Reflex Test Equipment

 

Aída Regina Monteiro de Assunção *

* Otorrinolaringologista, Mestre em Otorrinolaringologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

Auto-rotação cefálica ativa

A auto-rotação cefálica ativa, também denominada auto-rotação vestibular ou balanço cefálico ativo, é um teste rápido, de simples realização, não invasivo, que não causa desconforto ao paciente, pode ser realizado em crianças com facilidade e avalia o reflexo vestíbulo-ocular (RVO) nas freqüências fisiológicas de movimentação da cabeça, utilizadas na vida cotidiana (de 1 a 4Hz). 1, 2, 3

As provas tradicionais de avaliação do RVO, como os testes calóricos e rotatórios, utilizados na eletronistagmografia (ENG), vectoeletronistagmografia (VENG) ou eletronistagmografia computadorizada, empregam freqüências baixas de estimulação (entre 0,003 e 2Hz),4, 1 muito diferentes das freqüências fisiológicas, e utilizam estímulos obtidos em condições não naturais (irrigação do conduto auditivo externo com água ou ar, rotação de todo corpo) gerando desta forma um grande percentual de exames normais em pacientes com disfunção vestibular. 5, 6

A alta prevalência das queixas de distúrbios do equilíbrio corporal associada a resultados normais nos testes vestibulares empregados na rotina de avaliação otoneurológica, justifica o estudo através de exames complementares mais precisos, com o objetivo de identificar o grau de comprometimento e a participação do sistema vestibular na gênese da tontura.

O RVO tem por objetivo estabilizar a imagem na retina e manter a visão clara e o equilíbrio corporal durante a locomoção e a movimentação habitual da cabeça. Para isso os movimentos oculares devem ser iguais e opostos aos da cabeça. Distúrbios na resposta do RVO geram alterações do equilíbrio corporal que são a segunda queixa mais freqüente na clínica do otorrinolaringologista, clínico geral e neurologista em pacientes até 65 anos e a mais freqüente após os 65 anos. Cerca de 65% dos idosos até 70 anos e 75% acima dos 70 anos apresentam sintomas de distúrbios do equilíbrio.7

A aparelhagem utilizada é o Vorteq (Vestibular Ocular Reflex Test Equipment) fabricado pela Micro Medical Technologies, parte integrante do Sistema de Nistagmografia Computadorizada Meta 4 Channel Ultra Computerized ENG Versão 4.5 e 5.0, instalado em um computador, acoplado a uma impressora.

O exame de auto-rotação cefálica ativa horizontal com alvo fixo é realizado com o paciente confortavelmente sentado, em ambiente semi-escuro. A pele é previamente limpa com gaze embebida em álcool para remoção de impurezas e colocação dos eletrodos (dois ativos, um no canto externo periorbitário direito e o outro no esquerdo e um eletrodo neutro, colocado na linha média frontal).

 

 

Esquema de colocação dos eletrodos e do sensor

 

 

O sensor de velocidade angular, na posição vertical, fica firmemente ajustado através de uma coroa, à cabeça do paciente, que é orientado a permanecer de olhos abertos observando um ponto luminoso estacionário distante 100cm a sua frente e a movimentar a cabeça para a direita e para a esquerda, com uma amplitude de rotação angular de aproximadamente 10º acompanhando um sinal acústico de freqüência variável produzido por um metrônomo eletrônico acoplado ao equipamento. Os parâmetros de avaliação do RVO na prova de auto-rotação cefálica ativa são: ganho, definido como a relação entre a velocidade dos olhos e da cabeça (relação entre a intensidade do estímulo e da resposta); fase, analisada com relação ao atraso ou avanço da resposta ocular em relação à movimentação cefálica (relação angular entre a curva do estímulo e da resposta) e simetria, comparação entre os ganhos dos movimentos cefálicos de direções opostas. 3

 

 

EXEMPLOS DE EXAMES

 

Estímulo 1.0 - 1.0 hz

 

Estímulo 1.0 - 3.0 hz

 

Estímulo 1.0 - 5.0 hz

 

Vorteq normal - figura 1

 

Vorteq normal - figura 2

 

Vorteq normal - figura 3

 

Vorteq normal - figura 4

 

Vorteq normal - figura 5

 

Vorteq alterado- figura 1

 

Vorteq alterado- figura 2

 

Vorteq alterado- figura 3

 

Vorteq alterado- figura 4

 

Vorteq alterado- figura 5

 

Vorteq alterado- figura 6

 

Vorteq alterado- figura 7

 

Vorteq alterado- figura 8

 

Vorteq alterado- figura 9

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FINEBERG, R.; O'LEARY, D.P.; DAVIS,L.L. - Use of Active Head Movements for Computerized Vestibular Testing. Arch Otolaryngol Head Neck Surg 113:1063-5, 1987.

2. CAOVILLA, H.H., GANANÇA, M.M.; - Rotação Cefálica Ativa de altas freqüências: método simples e fisiológico para avaliação rápida e precisa da função vestibular. RBM-ORL, 4(1):158-63, 1997.

3. GANANÇA, M.M. et al. - As etapas da equilibriometria, In: CAOVILLA, H.H. et al. - Equilíbriometria Clínica. Série Otoneurológica. Vol. 1., São Paulo, Atheneu, 1999b. cap.5, pag. 41-114, 158p.

4. HAMID, M.A.; HUGHES, G.B.; KINNEY, S.E. - Criteria for diagnosing bilateral vestibular dysfundion. In: GRAHAM, M.D.; KEMMINK, J.L. ed. - The Vestibular System: Neurophysiologic and Clinical Research. New York, Raven, 1987. p. 115-8.

5. CAOVILLA, H.H. - Da Rotação Cefálica Ativa em Pacientes Vertiginosos sem Sintomas de Disfunção Vestibular à Vectoeletronistagmografia. 1996. 61p. Tese (Livre Docência) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 1996.

6. GORDON, C.R. et al.. - Nonspecific vertigo with normal otoneurological examination. The role vestibular laboratory tests. The J laryngol otology, 110:1133-7, 1996.

7. MURPHY,T.P. - Vestibular auto-rotation and electronystagmography testing in patients with dizziness. Am j otology., 15(4):502-5, 1994.